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Zamin pode voltar a exportar minério de ferro para quitar dívidas no Amapá

 

Por Marcelo Villela, março 14th, 2017, 7:12 - LINK PERMANENTE

 

 

 

A mineradora inglesa Zamin apresentou a funcionários e empresas fornecedoras, um novo projeto de exportação de minério de ferro, quase dois anos após suspender as atividades por dívidas trabalhistas decorrentes do desmoronamento do porto que estocava o minério na cidade de Santana. O encontro ocorreu nesta segunda-feira (13), em Macapá.

Desde o acidente em março de 2013, que matou quatro pessoas e arrastou veículos e minério para dentro do rio Amazonas, a empresa acumulou dívidas que chegam atualmente a R$ 1,5 bilhão com funcionários, ex-funcionários, bancos e empresas fornecedoras.

 

Encontro com representantes da empresa aconteceu no MP do Amapá (Foto: John Pacheco/G1)

A proposta foi exposta durante uma reunião intermediada pelo Ministério Público do Amapá (MP-AP) que contou com representantes dos funcionários, empresas e do governo estadual. Advogados ligados ao processo de recuperação judicial da Zamin, explicaram que atualmente há um volume de 1,7 milhão de toneladas de minério de ferro “prontas para exportação”.

“Nos últimos dois anos, o preço do ferro sofreu uma oscilação de modo que nós tínhamos um posicionamento de mercado, e tentávamos entender até quando valeria investir em uma nova operação no Brasil. O valor de mercado do minério de ferro atingiu patamares que nos permitem atrair novos investidores, basicamente tentando entender junto à Zamin, a intenção de investir no projeto e retomar as atividades”, destacou o advogado Washington Pimentel.

Glauco Cei, presidente do Sindicato da Indústria daConstrução Civil do Amapá (Foto: John Pacheco/G1)

Os advogados detalham que já há investidores interessados em um primeiro lote da exportação, com 45 mil toneladas. O dinheiro oriundo da venda ficaria sob responsabilidade da Justiça para ser usado na quitação das dívidas da empresa, prioritariamente com funcionários, bancos e quirografários (credores que não possuem garantias para receber).

Apesar da apresentação da proposta, parte dos trabalhadores ainda questiona sobre pagamentos de salários e benefícios, que em acordos anteriores não teriam sido pagos. Para Paulo Façanha, presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Extrativistas do Estado do Amapá (Stieapa), os funcionários devem ser incluídos nas negociações.

“Queremos saber desse plano de recuperação, não é nos informado nada. Parece que o trabalhador está de fora desse processo. Como essa empresa vai explorar de novo, produzir de novo se ela não paga os funcionários? Houve acordos anteriores que foram firmados, mas não cumpridos. Tem trabalhador passando fome e sem respostas”, argumentou Façanha.

Para garantir a nova proposta, os advogados da empresa destacaram uma decisão da Justiça de São Paulo, onde correm os processos da Zamin, que reverteu as garantias de dívidas da mineradora, que anteriormente eram obrigadas a pagar primeiro os bancos credores no caso de anúncio de falência. Com a nova decisão, os trabalhadores passam a ser prioridade.

Além do corpo de funcionários, empresas do ramo de construção civil do Amapá também reclamam do acúmulo de perdas. De acordo com Glauco Cei, presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Amapá (Sinduscon), pelo menos 300 estabelecimentos tiveram danos com a compra de equipamentos que seriam posteriormente adquiridos nas operações da Zamin.

Drama da Zamin
Depois da primeira exportação da mineradora, em 2007, quando ainda era chamada de MMX, do empresário preso Eike Batista, as ações foram vendidas no mesmo ano para a Anglo American, que revendeu à Zamin, última administradora da concessão. A produção parou após o desabamento do porto privado da empresa.

Por causa do ostracismo provocado pelas empresas, a mineração sofreu a primeira intervenção em julho de 2015, quando o governo do estado decretou a perda da ferrovia concedida à Zamin. O caso foi parar na Justiça, que manteve a caducidade.

No local onde funciona a mineradora, em Santana, apenas um vigilante toma conta do espaço. Geradores e peças de máquinas pesadas foram furtados, segundo a Secretaria de Estado de Transportes (Setrap), e precisam ser ressarcidos ao Amapá, que passou a ter posse de grande parte da infraestrutura da ferrovia montada às margens do rio Amazonas.

Fonte: G1

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